Acre: o endereço do peixe na Amazônia

Governo do Estado planeja criar uma forte e importante rede para a piscicultura

“O Acre tem as melhores características para produzir peixes: calor o ano inteiro, água em abundância e terra boa”, disse o vice-governador César Messias durante a visita da equipe de governo aos piscicultores do Estado. Desde domingo, 6, representantes do governo visitam produtores no interior, tendo passado por Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul, Rio Branco, Bujari, Xapuri e regiões de entorno, onde conheceram a piscicultura de cada região, suas particularidades e como potencializar o que já existe.

Cada região produtora do Acre tem características próprias, como em Cruzeiro do Sul, que está em avançado processo de reprodução de alevinos, com espécies que em Rio Branco não são reprduzidas. Já o Bujari é atualmente o maior polo de piscicultura do Acre, envolvendo o maior número de espelhos d’água. Ao todo, só no ano passado foram produzidas três mil toneladas de peixe vindo de criadouros acreanos.

Mais do que tudo isso, o investimento na piscicultura é uma das prioridades do governador Tião Viana, promessa de campanha que começa a ganhar cada vez mais espaço. Um grande esforço para intensificar a criação de tanques e montar polos de indústria para abastecer o mercado local, além de exportar o peixe acreano para o mundo inteiro através da Zona de Processamento de Exportação, a ZPE.

“O objetivo é fazer do Acre o endereço do peixe na Amazônia”, explica o secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Edvaldo Magalhães. Cadeia fortalecida, criação de uma grande rede e trazer tecnologia de ponta são os objetivos do governo. Os investimentos na indústria também passam a ser prioridade. O que há de mais moderno no campo da reprodução de alevinos será trazido para o Acre. Além do polo industrial de processamento e armazenamento do peixe, o governo do Acre também vai criar uma indústria de ração. “Hoje nós importamos quase tudo. O objetivo é virar esse jogo e exportar nossa produção”, conta Edvaldo Magalhães.

Os investimentos na piscicultura vão desde os pequenos tanques para a produção familiar até a industrialização da cadeia de peixe em seus âmbitos de alevinagem e filetagem. Os recursos destinados a esse projeto chegam a mais de R$ 50 milhões. Até 2013 o Acre deve exportar sua produção de peixes, principalmente pela Estrada do Pacífico. “É um projeto audacioso. O governador Tião Viana está determinado nessa iniciativa”, comenta o vice-governador César Messias.

Projeto Pacu

Durante a visita aos piscicultores do Estado, a equipe de governo contou com a presença do proprietário e criador do Projeto Pacu, Jaime Brum. O projeto é uma empresa do Mato Grosso do Sul pioneira em piscicultura. “Trabalhamos essencialmente com peixes brasileiros como o surubim e o pirarucu”, conta Brum. O governador Tião Viana, o vice-governador César Messias e empresários do Estado visitaram o projeto Pacu no Mato Grosso do Sul e agora visitam o Estado para conhecer o trabalho realizado aqui, para entender como funciona o processo de produção da cadeia do peixe.

A ideia é fazer com que o pacu seja um importante parceiro no projeto da piscicultura no Acre. “O Projeto Pacu é o maior detentor da tecnologia de criação de alevinos no Brasil e agora estamos buscando essa tecnologia para produzirmos aqui em larga escala”, explica César Messias. No Mato Grosso do Sul, o Projeto Pacu possui uma indústria própria que desenvolve, aprimora e produz equipamentos para mais bem atender a piscicultura brasileira. O projeto tem uma ampla linha de tanques rede, classificadores e redes para alevinagem em sua produção, tudo elaborado com as melhores matérias-primas do mercado.

Atualmente, o pacu produz milhões de alevinos ao ano e atende grande parte do mercado nacional. Na entrega, os alevinos serão acomodados em lotes com características uniformes, apresentando boa nutrição, saúde e excelente origem genética. O projeto trabalha essencialmente com as espécies pirarucu, dourado, pintado, matrinxã, tambacu e peixes albinos.

Apostas altas

O secretário Edvaldo Magalhães lembrou que já existem altos investimentos na piscicultura no Acre, desde pequenos a grandes produtores. “É gente que fez sacrifícios, que apostou todo seu patrimônio na piscicultura e agora o governo está abraçando essa causa”, declarou. São pessoas como Miguel Fernandes, que já realizou um investimento de R$ 5 milhões na piscicultura, o que gerou cerca de três mil peixes por hectare – uma produção de cerca de oito toneladas por hectare. Em sua propriedade são ao todo 330 hectares destinados à psicultura.

Kionori Kiok, dono da Fazenda Boa Esperança, também investe na piscicultura. Já são quase 20 anos de trabalho na atividade. Com 80 toneladas de tambaqui e duas toneladas de pirarucu por ano, ele planeja investir e expandir ainda mais sua produção, para isso conta com o apoio do governo para que sua iniciativa possa ir além. “O pirarucu é o peixe do futuro. É um peixe que chega a 10 quilos em apenas um ano”, conta Kiok, ao reforçar todo o potencial do maior peixe de água doce do mundo.

A equipe de governo também visitou em Rio Branco o maior espelho d’água individual do Acre, com 300 hectares e cinco mil quilos de peixe. Nesse polo de piscicultura, toda a água é oriunda de pequenas barragens abastecidas pela chuva, ambientalmente o ideal e não seca nem com a falta de chuvas. Com as ações do projeto de potencialização do governo, a produção dessa área pode ser triplicada.

A equipe também visitou a produção de quelônios de Valmir Ribeiro. São 120 mil, dos quais 1.200 aptos para a reprodução, que deve começar no início de junho. Para começar a se reproduzir, o quelônio leva dez anos, mas já está pronto para o abate a partir de um ano de idade. A reprodução deles na propriedade gira em torno de 25 a 30 mil quelônios por ano.

Valmir trabalha há 18 anos com criação desses animais e até já escreveu um livro sobre sua experiência. O valor da carne de quelônios custa aproximadamente R$ 30 o quilo no casco e R$ 50 fora do casco. Na propriedade de Valmir existem quatro espécies.

Grande investimento

O Banco da Amazônia também é um dos parceiros do governo do Acre na piscicultura. Já existem R$ 60 milhões para serem investidos na área, em grandes projetos que garantam a modernização do setor. A ideia é que esses recursos, garantidos pelo FNO, sejam destinados para a ZPE.

A Cooperativa dos Produtores de Peixe de Mâncio Lima (Cooperpeixe) conseguiu aprovar no BNDES, com a contrapartida do governo do Estado, um projeto que vai alavancar a produção de peixes no município. Já foi celebrada a assinatura do termo de compromisso da cooperativa com o governo. O ato resultou em uma grande festa, com a presença de cooperados, produtores de peixe da região e familiares. São pessoas que terão importante trabalho de desenvolvimento do Estado.

O governador Tião Viana apresentou a meta do governo para a pisicultura no Juruá: construção de cinco mil tanques, além dos frigoríficos. A intenção é consolidar a região na produção de peixes, realizando lá o mesmo trabalho que aconteceu no Vale do Acre com a produção de frangos – uma cadeia produtiva forte, que tenha sua base na agricultura familiar e a estrutura de uma indústria para garantir mercado.

Agência de Notícias do Acre
por Samuel Bryan

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